20 de junho de 2019

Copa América 2019 - Análise de Performance



Acabada a primeira ronda da Copa América 2019 (sendo que a segunda ronda já decorre e está incluída nas nossas classificações), achámos por bem levantar aqui algumas questões acerca de algumas das equipas, questões essas que podem ser relevantes para o resto da competição.

Assim sendo, trazemo-vos um pequeno e rápido resumo desta primeira jornada, juntamente com uma com uma classificação de performance de todas as equipas participantes e uma pequena previsão do que poderá vir.

Para referência, a nossa escala de classificação vai de 1 a 10, sendo que 1 é a nota mínima e 10 a nota máxima.

Grupo A

Brasil - 6


Imagem retirada de ESPN.com
A selecção anfitriã e um dos claros favoritos à conquista do troféu. Tendo o factor casa do seu lado - venceram sempre que organizaram a competição - um conjunto pleno de talento e um treinador que parece ter restaurado a confiança na equipa e no seu jogo, quem duvidaria do Brasil?

Preparem-se, então, porque ousaremos largar uma bomba e dizer que não, não daríamos o escrete como o grande favorito, pelo menos por agora.

Não querendo dizer que não cheguem mesmo a vencer a competição, pois é perfeitamente possível que isso aconteça, devemos dizer que a única coisa que o Brasil tem a seu favor é mesmo o factor casa. Para todo o talento que carregam, as suas exibições têm sido um pouco abaixo daquilo que esperávamos, ainda que parte dessa situação possa ser explicada pelo mau estado dos relvados.

Mesmo colocando a questão dos relvados, continuamos a achar que a equipa brasileira precisa de aumentar a parada. O nível actual é suficiente para vencer uma Bolívia, mas o que será desta equipa quando defrontar, por exemplo, uma Colômbia?

O próximo jogo não será frente à selecção cafetera, mas sim frente ao Perú, equipa que, em teoria, está alguns níveis acima da Bolívia e Venezuela. Este sim será o grande teste da fase de grupos e uma possível resposta às dúvidas por nós levantadas.

Perú - 6.5

Imagem retirada de El Universo (eluniverso.com)

Uma das selecções que aguardávamos com mais ansiedade, em grande parte devido à qualidade mostrada em competições recentes, a equipa do Perú acabou por ser uma pequena desilusão.

Sendo uma selecção que não possui grandes estrelas, mas sim um grupo razoável com alguns jogadores mais dotados, a sua força está na forma como se articulam para retirar o máximo partido das qualidades de cada um, acabando por ser um verdadeiro quebra-cabeças para muitos adversários mais complicados, que se revelam surpreendidos pela sua força ofensiva, algo que qualquer adepto de futebol gosta de ver.

A verdade é que, no seu primeiro encontro, acabaram por mostrar-se lentos e pouco eficazes, longe daquilo a que nos habituaram ao longo dos últimos anos. Nem tudo foi negativo, no entanto, pois a selecção peruana parece ter conseguido livrar-se dos nervos e, frente à fraca Bolívia, já mostrou um nível mais próximo daquilo que, na nossa opinião, é o Perú.

Se esse bom jogo foi mesmo isso, um bom jogo realizado por uma boa equipa, ou se foi consequência da falta de qualidade do adversário, essa é a questão que nós colocamos.

O jogo frente ao Brasil deverá responder a essa mesma pergunta, mas caso a resposta seja a primeira... então o escrete poderá ver-se a braços com uma situação delicada. A surpresa não está totalmente posta de parte.


Venezuela - 7.5

Imagem retirada de NewsBeezer (newsbeezer.com)

Todos nós sabemos os problemas políticos que atormentam a Venezuela nos dias que correm, sendo que os efeitos desses mesmos problemas acabam por fazer-se sentir nos mais variados campos. Ora, o futebol não escapa a essa influência, pelo que esta seleção vem para a Copa América não só para competir mas também, digamos assim, para um momento de superação e para tentar dar motivos de alegria ao povo que representa.

Normalmente, a Venezuela, é vista como um dos underdogs do futebol sul-americano, sendo que o actual panorama político-social levará muitos a acentuar ainda mais esse estatuto.

Não é, no entanto, que estes rapazes vieram ao Brasil surpreender e mostrar a sua raça? Logrando não perder frente aos dois favoritos a vencer o grupo (0-0 em ambos os encontros), os venezuelanos fazem da sua organização disciplina e espírito de sacrifício as suas principais armas, algo que tem sido bonito de se ver. É por isso mesmo que, contra as expectativas de muitos, La Vinotinto tem as portas abertas para garantir a qualificação para a próxima fase.

O jogo frente à Bolívia será crucial, mas não temos dúvidas de que, continuando humildes, com os pés na terra e fieis ao seu estilo de jogo, os venezuelanos irão vencer e acabar por conseguir, de alguma forma, passar à próxima fase.

Não será o fim (nem o princípio do fim) do calvário do povo venezuelano, mas poderá ser uma alegria, uma pequena luz em tempos de escuridão.

Bolívia - 4

Imagem retirada de Diez (diez.bo)

Não existe muito a dizer acerca da equipa da Bolívia. Não sendo uma selecção preparada para grandes andanças e que consegue grande parte dos seus bons resultados em casa, fruto dos problemas que os adversários enfrentam ao jogar em altitudes elevadas, esta prestação não constitui surpresa alguma.

É verdade que conseguiram atrasar um pouco o inevitável e causar alguns nervos à selecção anfitriã, ainda que mais por problemas relativos ao relvado do que mérito próprio. Assim que o Brasil colocou o pé no acelerador, notaram-se as várias debilidades dos bolivianos.

A situação não se alterou muito na partida frente ao Perú. Contaram com a sorte de conseguirem uma grande penalidade cedo no jogo, mas o seu rendimento desceu rapidamente. Acabaram por ter imensas dificuldades, numa partida que poderia ter terminado em humilhação não fosse a boa exibição de Lampe, o seu guarda-redes.

Dito isto, porquê um 4 e não algo mais baixo? A justificação é simples: as expectativas já eram baixas, pelo que, no fundo, a Bolívia não está exactamente a realizar uma campanha imensamente abaixo do esperado.

Com um último jogo que será essencialmente para cumprir calendário, qual será a sua abordagem? Seja qual for, acreditamos que a terão dificuldades em ter a bola do seu lado durante grande parte dos 90 minutos.



Grupo B

Colômbia - 8

Imagem retirada de Trome (trome.pe)

Goste-se mais ou menos da figura um pouco controversa que é Carloz Queiroz, a verdade é que o Português vai conseguindo ter sucesso na maioria das selecções com as quais trabalha, em parte devido ao seu cuidado táctico, sendo que este poderá ser uma das chaves para o sucesso da Colômbia.

Numa competição onde abunda a falta de um plano de jogo tão vincado como vemos, por exemplo, em equipas europeias, e na qual boa parte das equipas joga consoante a maré, estes pequenos detalhes podem acabar por ser a diferença nos momentos críticos da partida.

Podemos dizer que os cafeteros passaram no seu primeiro grande teste, tendo jogado contra a Argentina na sua primeira partida. É verdade que a Argentina de anos recentes não tem deslumbrado e, mais uma vez, voltou a desiludir, mas não podemos justificar a vitória da Colômbia apenas com isso, pelo contrário.

Sob a orientação de Carlos Queiroz, os colombianos montaram um excelente plano de contra-ataque e conseguiram fazer um excelente jogo, vencendo por 2 golos sem resposta. Na partida frente ao Catar, os colombianos voltaram a mostrar-se sóbrios e não subestimaram o seu adversário, tendo vencido de forma tranquila - ainda que fique uma nota negativa para a finalização.

Poderá ser a veia lusa a falar, mas esperamos boas coisas desta Colômbia, até porque estes primeiros jogo deixaram boas indicações, as quais fazem com que acreditemos que poderão continuar a jogar a este nível.

Argentina - 3 

Imagem retirada de El Tiempo (eltiempo.com)

A Argentina falha e o mundo inteiro cai em cima de Messi. Nada de novo, já que o mesmo acontece com o nosso Portugal e Cristiano Ronaldo. Se essas acusações poderão ter algum sentido em determinadas ocasiões, na maioria dos casos não passa de apontar baterias a um alvo fácil - e Messi carrega, às suas costas, um alvo do tamanho da Patagónia.

A verdade é que a albiceleste jogou mal como um todo, sem ideias nem um aparente plano de jogo, algo muito preocupante numa equipa deste calibre e que faz acreditar que o seu futuro não se mostra risonho, a não ser que algo mude. Lionel Scaloni terá que mostrar ser mais seguro das suas decisões e efectuar as alterações necessárias, não vá acabar como Sampaoli.

Certo é que há por onde melhorar, como foi possível vislumbrar durante a segunda parte da partida frente ao Paraguai. A Argentina é, em termos de qualidade, uma boa selecção e, em condições normais, uma das candidatas à vitória final. Para isso, no entanto, necessitam de cumprir o seu potencial, e dependem de si próprios para o fazer.

Quanto à nossa opinião, resume-se a algo muito simples. A qualidade existe, mas não nos parece que a tendência seja para que o potencial seja cumprido. Se nada mudar, esta selecção, para decepção de muitos e gáudio de outros, poderá mesmo não passar da fase de grupos da Copa América 2019.

Aguardemos o desfecho do encontro frente ao Catar. Neste momento, a Argentina ainda está em prova, mais por demérito alheiro do que por mérito próprio.



Catar - 7.5

Imagem retirada de Trome (trome.pe)

Eis aquele que é o grande colosso do futebol sul-americano, o Catar (ou Qatar, como preferirem). Sim, trata-se de uma piada, talvez nem muito boa, mas a verdade é que a selecção deste país árabe chegou como outsider e acabou por surpreender muita gente.

Não cremos que a maioria das pessoas acreditassem que a equipa Catari fosse ter qualquer tipo de hipóteses nesta competição, sendo a sua presença uma forma de publicitar o tão controverso Mundial 2022, mas a verdade é que já mostraram ser um osso duro de roer.

No encontro frente ao Paraguai, os visitantes de terras longínquas não se deixaram afectar pelo mau início e acabaram por conseguir um empate, isto numa partida onde mostraram argumentos suficientes para vencer, situação que não veio a acontecer  apenas e só pela sua falta de eficácia no momento da verdade

Isto, claro, leva-nos a questionar se os árabes terão total mérito no que aconteceu, ou se o Paraguai foi surpreendido e não conseguiu reagir ou está a atravessar uma má fase. Diríamos que poderá ser uma mistura de tudo. Cremos que está claríssimo que a selecção paraguaia subestimou a sua congénere Catari, que aproveitou muito bem a situação, já estando, possivelmente, à espera de tal desenvolvimento.

Poderá ser cedo para dizer isto, mas face à ausência de pressão e com a possibilidade de outras equipas subestimarem este conjunto, o Catar poderá ser mesmo uma pedra no sapato e, quem sabe, alimentar algumas esperanças de chegar mesmo à próxima fase, mesmo tendo apenas 1 ponto ao fim de 2 jogos.

Paraguai - 5

Imagem retirada de Highlights Football (highlights football.com)

Uma equipa que parece estar a jogar abaixo das suas capacidades, revelando falta de carácter e de mais alguma coisa, como se ainda não tivessem descoberto a receita para aproveitar as suas capacidades ao máximo.

No seu primeiro jogo, frente ao Catar, parecem ter subestimado por completo o adversário e acabaram surpreendidos, sem conseguir mandar no jogo - algo que se esperava que fizessem. Ficámos com a sensação de que esta equipa era claramente superior, mas a forma como acabaram por abordar a partida após serem empurrados pelo adversário acabou por revelar-se completamente inadequada e, arriscamos nós, sem sentido algum. Expondo-se de forma absolutamente desnecessária, acabaram por conseguir um empate numa partida que poderia ter terminado de forma bem vergonhosa para os sul-americanos.

Considerando que os próximos adversários serão a Argentina e a Colômbia, a situação não parece fácil para os Paraguaios. Se os cafeteros mantiverem o seu foco e os argentinos jogarem de acordo com o seu potencial, esta equipa poderá ter cometido um erro crasso ao empatar com o Catar. Aguardemos o desenvolver das próximas partidas, mas a verdade é que o céu parece estar encoberto lá para os lados de Asuncíon. 



Grupo C

Uruguai - 9

Imagem retirada de Diario AS (as.com)

Os nossos favoritos, pelo menos de momento, para a vitória final na competição, e é fácil justificar porquê. Parecem-nos ser a selecção que melhor joga, actualmente, no continente sul-americano.

Além da vertente eye-candy - os jogos desta selecção são excelentes partidas de futebol, na sua maioria - os uruguaios mostram empenho, espírito de equipa, sacrifício e, também bastante importante, disciplina, tanto a nível de ânimos como a nível táctico.

Tendo vencido, sem qualquer surpresa, o Equador por 4-0, a equipa mostrou-se sóbria, dominante e eficaz. Aproveitando a inferioridade numérica do adversário, os uruguaios chegaram ao 3-0 ainda no primeiro tempo, tendo gerido - e ampliado - a vantagem durante a segunda parte. Um exemplo de versatilidade e maturidade que só as boas equipas sabem mostrar de forma consistente.

Devemos, claro, ser justos e dizer que só após defrontarem o Chile e o Japão é que poderemos dizer, com certezas, que esta selecção uruguaia é o alvo a abater, mas acreditamos que sim, que irão confirmar as nossas suspeitas. Neste momento, e como referimos mais acima, parece-nos a selecção com mais possibilidades de vencer a Copa América 2019.


Chile - 7

Imagem retirada de Trome (trome.pe)

Talvez devêssemos atribuir um 6.5, mas a eficácia faz parte do futebol e, como tal deve ser avaliada de forma justa.

Tendo vencido o Japão por 4-0, esta classificação pode parecer um pouco agressiva contra os chilenos, mas a verdade é que esse resultado foi bastante enganador. A primeira parte foi largamente dominada pela selecção nipónica, tendo o Chile ganho mais expressão já perto do intervalo, precisamente na altura em que chegaram ao golo. Os japoneses estiveram perto do empate, mas acabaria por não acontecer.

O segundo tempo trouxe algumas melhorias do lado chileno, mas o Japão continuou a fabricar oportunidades e a importunar o seu adversário, Quis o futebol, no entanto, que os asiáticos continuassem a falhar oportunidades - algumas flagrantes - e os sul-americanos aproveitassem da melhor forma as chances que iam obtendo, situação que explica o 4-0 final.

O que esperamos deste Chile? Talvez muito, talvez pouco. Não parecem ser um conjunto pronto a cumprir o seu potencial, mas, ao mesmo tempo, a sua frieza poderá desbloquear jogos mais complicados. Uma equipa a observar, com os devidos cuidados.


Japão - 7

Imagem retirada de El Tiempo (eltiempo.com)

À imagem do Catar, não seria de esperar grandes aventuras por parte da selecção Japonesa. Se, na situação dos primeiros, é uma questão de qualidade, no caso nipónico trata-se da opção por uma equipa mais jovem, mais experimental.

Diga-se, no entanto, que a sua experiência correu bem em tudo, menos no resultado final. Não fossem os desnivelados e desajustados 4-0, estaria boa parte da América do Sul a falar de como o Japão complicou a vida ao Chile, uma das grandes equipas da América Latina e vencedores das duas últimas edições da Copa América. Não fosse a noite desastrosa de Ueda - que tirará lições valiosas da sua exibição - talvez o resultado fosse mesmo outro, e isso explica a nossa avaliação do conjunto asiático.

Não acreditamos que tenham grandes hipóteses de passarem à próxima fase. No entanto, a manter este espírito, os nipónicos ainda poderão ter uma palavra ou outra a dizer durante os próximos encontros.


Equador - 5

Imagem retirada de Diario AS (as.com)

O Equador nunca foi uma selecção de altos voos - os seus melhores resultados foram dois terceiros lugares, um em 1993, e o outro em 1959, ainda na era do Campeonato Sul-Americano - pelo que não é surpresa ver este conjunto a ter uma prestação menos boa.

Como se isso não bastasse, iniciar a participação nesta competição com uma copiosa derrota por 4-0 não terá sido o mais auspicioso dos começos. Dito isto, e embora não reconheçamos uma enorme qualidade a este conjunto, acreditamos que estão acima de equipas como a Bolívia, possuindo alguns jogadores de qualidade e que poderão, nas circunstâncias certas, tornar a vida mais difícil a alguns adversários.

Poderão passar à próxima fase? O 'não' será a resposta na mente da maioria, mas esta equipa ainda é, em parte, uma espécie de incógnita - convenhamos, uma partida na qual jogaram em inferioridade numérica durante grande parte dos 90 minutos não é a melhor para fazer uma análise profunda - pelo que o melhor é mesmo aguardar pelos próximos jogos. 

Dada essa situação, esta formação poderá ser uma boa equipa para acompanhamento LIVE, para observar e ver o que a corrente nos trás.



Assim que a fase de grupos chegar ao fim, voltaremos com mais um pequeno artigo acerca das equipas, assim como previsões relativamente ao que achamos que poderá acontecer. Até lá, desfrutem do futebol  puro e selvagem - no melhor dos sentidos, claro - da Copa América, e claro, votos de muitos e bons greens!

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