7 de outubro de 2018

Previsão de Época: Memphis Grizzlies

A nossa viagem continua. A passagem por LA foi, sem dúvida, glamorosa mas agora é tempo de uma mudança radical. Depois da luz dos holofotes e os arranha-céus vamos agora analisar o que de melhor tem o calmo Tennessee, mais concretamente, os Memphis Grizzlies.



Dizer que o último ano dos Memphis Grizzlies foi de se coçar a cabeça é ser simpático. A química entre jogadores e o treinador Dave Fizdale parecia estar no máximo depois dos Playoffs de 2017 com o infame "Take that for data". A maneira como defendeu os seus jogadores durante essa postseason foi admirável e parecia que essa ligação era demasiado forte para ser quebrada numa questão de meses. A verdade é que, segundo variados artigos, a implosão desta equipa começou ainda na postseason transata. Segundo se diz, Fizdale queria mudar o estilo de jogo da equipa. O típico "Grit-and-Grind" que era a imagem de marca da equipa não era a visão do ex-adjunto dos Miami Heat. Nisto, Fizdale convenceu a direção a deixar sair Zach Randolph e Tony Allen, duas grandes figuras no balneário, o que caiu muito mal com alguns jogadores. Começada a época, Mike Conley lesionou-se bastante cedo e nunca mais voltaria. A outra estrela da equipa, Marc Gasol, cairia nas más graças do treinador e a relação destes ficaria muito feia. Ficou mesmo irreparável depois de Fizdale ter dito "Querias um Gregg Popovich? Eu queria um LeBron James". A insistência nos seus métodos acabaria por sair cara ao treinador que seria despedido ainda cedo na época. JB Bickerstaff, um dos seus adjuntos acabaria por tomar o seu lugar, primeiro de forma temporária e mais tarde tornada permanente.
A verdade é que depois disso a equipa nunca mais foi a mesma. Conley nunca voltou e com a equipa tão má já numa fase adiantada da época fazia sentido "perder" para se ter uma boa escolha no Draft. Assim foi. Contudo, houveram boas surpresas nos Grizzlies. Tyreke Evans teve um ressureição que ninguém esperava. O papel de sexto homem era exatamente o que este precisava e foi excelente até ter sucumbido a uma lesão. Dillon Brooks, então rookie de segunda ronda lutou, e bem, pelo seu espaço e conseguiu ganhar um estatuto na equipa. Por fim, vindo da China, nos 7 jogos que fez para acabar a época, Marshon Brooks ainda conseguiu vir aos EUA fazer 20 pontos por jogo. Ainda assim, os Grizzlies acabariam no penúltimo lugar da conferência com apenas 22 vitórias.
Pouco de positivo houve na temporada passada para os Grizzlies mas há males que vêm por bem e a imagem de marca da equipa pode estar de volta, acompanhada por um jovem jogador perfeito para esse sistema.



Os Grizzlies estiveram ocupados neste verão e quanto ao rescaldo do que foram as saídas e as entradas tenho pensamentos mistos.
Em relação a quem sai, é difícil analisar tendo em conta que durante a desperdiçada temporada houveram muitos jogadores da G-League a entrar e a sair. Indo direto ao assunto, destaco 3 saídas mais relevantes. Primeiro, o poste Deyonta Davis. Dotado fisicamente com uma grande altura e ainda maior envergadura, o enorme poste acaba por sair no ano em que mais mostrou, provando ser uma mais valia defensiva. Quanto a Ben McLemore, penso que é seguro dizer que já não há esperança que este se torne metade daquilo que prometia ser. A mudança para os Grizzlies parecia ser a lufada de ar fresco que este precisava mas nada mostrou em Memphis. Volta para os Kings numa troca por um jogador de quem vamos falar mais à frente. Por fim, e estupidamente, sai Tyreke Evans. O versátil jogador jogou a um nível inesperadamente alto e, sendo que tinha um contrato de apenas um ano, era esperado que fosse trocado. Numa tentativa de subir o seu valor, Memphis fez-se de difícil e abusou nos pedidos por um jogador cujo contrato expiraria numa questão de meses. No fim ficaram sem nada, sendo que Tyreke saiu para Indiana.
A noite de Draft foi a prova de que o "Grit-and-Grind" dos Grizzlies está de volta. As suas duas seleções são ambos defesas fantásticos. Primeiro, selecionaram Jaren Jackson Jr., de Michigan State. Trata-se de uma besta defensiva com o potencial para ser um dos melhores defesas interiores da liga. Tem também um reportório ofensivo em evolução sendo que pode ser, desde já, considerado um especialista no tiro exterior. JeVon Carter foi selecionado na segunda ronda mas tem o reconhecimento dos seus pares. Num questionário aos rookies deste ano, Carter foi considerado o melhor defensor desta Draft Class. A estes juntam-se três veteranos, Garrett Temple numa troca que viu sair Ben McLemore, o base Shelvin Mack vindo de Orlando e o homem com mais jogos de sempre sem uma presença nos Playoffs, Omri Casspi. Por fim, a "maior" contratação dos Grizzlies, Kyle Anderson.

Opinião

Penso que é seguro dizer que o "Grit-and-Grind" está de volta. O maior reforço do Grizzlies é mesmo Mike Conley que está de volta saudável. O base já há vários anos que apresenta um nível de All-Star embora nunca tenha tido essa seleção. Defensivamente é fantástico no perímetro e no seu dia consegue ser uma grande dor de cabeça no ataque. Neste momento é um dos dois pilares da equipa e o seu retorno aumenta e muito a produtividade da equipa. Dillon Brooks deverá ter agarrado a titularidade com a boa surpresa que foi a sua época de estreia. O lugar de Small Forward deverá estar reservado para a nova cara, Kyle Anderson. Tem vindo a crescer nos Spurs e é extremamente eficiente. Daqueles jogadores que não dá nada nas vistas mas faz a sua parte. Nesta pré-época a posição de 4 tem sido de JaMychal Green, no entanto seria criminoso não dar a oportunidade a Jaren Jackson Jr. depois de terem perdido uma época para terem um jogador do seu calibre. Jackson é uma mais-valia imediata na defesa e um sólido contributo no ataque. Foi um dos destaques da Summer League e até agora tem dado bons sinais na pré-época. Green, no entanto, também tem estado fantástico do pontos de vista defensivo e promete não dar o lugar facilmente. Marc Gasol é dono e senhor da posição 5 e com toda a polémica a passar à história deverá ter uma produção bastante acima do ano anterior.
Quanto ao banco, deverá ser dos mais fracos da NBA. Chandler Parsons e o seu enorme contrato deverão ser dos primeiros nomes a sair do banco. Entre JaMychal Green e Jaren Jackson deverá haver alguém a vir com muitos minutos da segunda linha. Marshon Brooks será scoring vindo do banco. Garrett Temple eficiência e defesa. Shelvin Mack e Omri deverão ter também alguns minutos. JeVon Carter terá de lutar por um lugar.
A defesa voltará a ser o grande trunfo dos Grizzlies que sufocarão o adversário. O ataque é que poderá ser um problema sem um verdadeiro scorer no 5 titular. A NBA está em mudança e estilo poderá não ser o mais indicado tendo em conta as tendências atuais da liga. 
Ainda assim, seria ignorante não meter os Grizzlies na corrida para os Playoffs. Num ano normal, penso que seria quase garantido ver esta equipa na fase a eliminar mas numa conferência Oeste saturada de boas equipas deverá ser tarefa complicada. Não me surpreenderia de todo uma presença nos Playoffs mas prevejo que fiquem à porta da postseason.

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