29 de maio de 2018

Fogo de vista ou diamante por lapidar?

De acordo com um jornalista da Sky Itália, Renato Sanches é um dos alvos do Napoli para a próxima temporada. Curiosamente, a notícia surge depois de Ancelotti assumir o comando do clube, técnico que já contou com os serviços do jovem internacional português no Bayern de Munique.







Certamente que ainda estarão todos recordados do "fenómeno" Renato Sanches que despertou para o futebol em 2015 e que fez a delicias de muitos adeptos, não só os benfiquistas, mas também os próprios portugueses. Nascido em Lisboa, foi muito cedo que se juntou aos escalões jovens do Benfica, na altura com apenas 9 anos, e foi lá que fez quase toda a sua formação (à exceção de um 1º ano no Águias da Musgueira).

Mais tarde, e já depois de dar nas vistas pela equipa B dos encarnados, a ascensão do atleta foi simplesmente sensacional. Senão vejamos: a 30 de Outubro de 2015, o "miúdo" estreava-se pela equipa principal do Benfica; a 25 de Novembro do mesmo ano, Renato já jogava como titular para a Liga dos Campeões; a 4 de Dezembro, marcava o 1º golo no campeonato (e que golo!) - eleito o melhor do mês. O mais impressionante é que isto são meros detalhes. Com 18 anos, repito, 18 anos, Renato Sanches já era um dos elementos chave da sua equipa, sendo o principal impulsionador de uma caminhada que os levaria ao título de campeões nacionais.

Habituados ao típico médio português, mais contido, que pauta o seu jogo pela consistência e precisão, Renato veio contrariar completamente esse protótipo. O seu à vontade, a sua "arrogância" e descontração, um talento natural e uma audácia a fazer lembrar o futebol de rua, não tinha como não gostar. Sempre muito atrevido e com capacidade para ocupar as posições 6, 8 e 10 no campo, a sua principal qualidade prendia-se com o facto de conseguir "queimar linhas" sozinho, atravessando linhas defensivas e colocando a sua equipa mais próxima do último terço. A facilidade e a segurança com que fazia tudo isto... bem, só está ao alcance de um fora de série.

As suas extraordinárias qualidades físicas, técnicas e mentais não passaram despercebidas e a maior prova disso foi a sua convocatória para o Euro 2016, em França. Fernando Santos sabia que as suas características ímpares podiam ser uma mais valia e não se enganou. Renato Sanches acabaria por ser peça fundamental no esquema do selecionador, arrecadando o prémio de Golden Boy e contribuindo em larga escala para um inédito título europeu da Seleção portuguesa. Tudo parecia um verdadeiro "conto de fadas" para a jovem promessa mas as coisas pareceram abrandar e bastante a partir daí.


Depois de despertar o interesse de quase meio mundo, foi o campeão alemão Bayern de Munique quem se antecipou na sua contratação, por uma verba de 35M€. Verba essa que, futuramente, dependendo da prestação do jogador, poderia ascender aos 60M€. Contudo, a realidade era outra, a competitividade em relação à liga portuguesa era muito mais feroz, e o plantel do clube já contava com uma data de atletas de grande calibre para o meio campo. Com apenas 19 anos e uma só temporada ao alto nível na "bagagem", não tardou até Renato perder a sua confiança e começar a falhar nos aspetos mais básicos como um simples passe ou um domínio de bola.

A experiência não foi de todo positiva e seguiu-se um empréstimo ao Swansea de Inglaterra. Se as expetativas eram altas, principalmente para o clube que ansiava contar com a sua qualidade e irreverência, rapidamente se dissiparam com uma série de jogos infelizes do jovem português. Problemas constantes com lesões, dificuldade de adaptação e o próprio mau momento da equipa tiveram um efeito "bola de neve" que contribuiu para baixar drasticamente os índices psicológicos e motivacionais do jogador.

Os tempos não são os mais famosos e Renato atravessa uma fase onde urge criar uma situação de estabilidade que lhe devolva a "alegria" que tanto lhe é característica. Nesta altura, o próprio já deve ter reconhecido que o "salto" foi dado demasiado cedo na sua curta carreira e que um desenvolvimento mais sustentado, e baseado em muitos minutos, é o mais importante neste momento. Soluções? A próxima passagem pode passar por Itália, no vice campeão Napoli. Trabalhar novamente com Ancelotti seria um bom marco para o jogador, uma vez que já se conhecem e isso iria facilitar a sua adaptação a um novo ambiente/realidade.


Rumar à Serie A parece ser o ideal nesta altura, já que a disputa a meio campo não é tão povoada e os protagonistas dessa zona têm mais tempo para pensar e timbrar o seu jogo, ao contrário do que acontece na Bundesliga e, principalmente, na Premier League. Aliado à alta competitividade da própria equipa no campeonato, este cenário será perfeito para cimentar as suas bases e para se desenvolver enquanto atleta. Tão importante como querer aprender, é ter os melhores professores, e nisso os italianos são mestres.

Aquilo que todos esperamos, pelo menos os mais admiradores das suas capacidades, é que Renato Sanches volte a mostrar os dotes que nos fizeram colocá-lo num grupo de futebolistas muito restrito, com um teto potencial enorme e que podem ser o rosto do futuro. Não é difícil imaginar o melhor Renato a brilhar numa equipa como o Chelsea de António Conte, por exemplo, com uma fluidez e rapidez de movimentos ofensivos muito peculiares. Mais complicado será recuperar os níveis anímicos do jogador para que tal seja possível.

Além disso, e falhado o ingresso no Mundial deste ano na Rússia, o jovem deverá querer voltar a vestir as cores nacionais o quanto antes. Se conseguir resgatar o alento que nos apaixonou em 2016, então será muito bem vindo à nossa Seleção que muito dificilmente encontrará uma opção com as mesmas características. Não podemos simplesmente apelidar um miúdo de 20 anos de flop quando o seu talento é tão nato quanto a sua "rebeldia", no bom sentido claro. Falta provar muita coisa, é verdade, mas a seu tempo e com a saúde mental restaurada, acredito que teremos Renato Sanches ao mais alto nível novamente.

Ultimamente, fala-se também de um possível regresso ao Benfica (por empréstimo). Na vossa opinião, qual seria a melhor opção para a sua carreira?

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