31 de maio de 2018

NBA Finals: Antevisão


A história repete-se novamente e, pelo quarto ano consecutivo, Cleveland Cavaliers e Golden State Warriors irão disputar aquele que é o grande prémio do mundo do basquetebol. Contam-se até agora duas vitórias para os californianos e uma para os homens do Norte naquela que é, com certeza, a maior rivalidade da década. Apesar da derrota sofrida em 2015, os Warriors têm dominado o panorama basquetebolístico americano nos últimos 4 anos e são os grandes favoritos à vitória. Do outro lado, está uma equipa que tem vindo a melhorar ao longo desta 'post-season' liderada por um "King" que está a dar que falar no que toca à supremacia de Michael Jordan como o melhor de sempre.


Nas palavras do próprio LeBron James "Os Warriors eram uma das melhores equipas de sempre... e depois contrataram Kevin Durant". A co-existência de 4 all-stars na mesma equipa não é algo inédito na liga - 9 vezes na história da NBA. O que é, de facto, único é a qualidade e cooperação entre estes. Previamente à adição de Kevin Durant à equipa de Oakland, Stephen Curry acabava de ganhar o primeiro MVP unânime da história, fazendo o bis com o prémio ganho também na época anterior. Numa temporada em que 'Chef Curry' obliterava o recorde de lançamentos exteriores numa época, era seguido pelo seu companheiro de equipa, Klay Thompson. Como se o melhor backcourt da NBA não fosse assustador o suficiente, eram também acompanhados por um autêntico canivete suiço, na forma de um antigo jogador defensivo do ano, de seu nome Draymond Green. Juntava-se então Kevin Durant, aquele que, desde 2011, é considerado "o segundo melhor jogador do mundo", apenas superado por um homem em quem vamos focar mais à frente. A uma das melhores equipas de sempre juntava-se o 'scorer' mais versátil da história do desporto. Todos estes astros aliados a peças fulcrais como o antigo MVP das finais Andre Iguodala e também o suplente de luxo Shaun Livingston e o resultado é aquela que é, provavelmente, a melhor equipa de sempre.


Golden State Warriors



Acabados de ganhar o seu 5º campeonato, os Warriors entravam na nova temporada com expetativas de dominar o Oeste mais uma vez. Para surpresa de todos os ávidos fãs da modalidade isso não aconteceu durante a temporada regular. Um conjunto de fatores de entre os quais os problemas físicos de todas as suas estrelas, a irregularidade da equipa em jogos de vitória obrigatória e a ascensão e basquetebol revolucionário dos Houston Rockets fizeram com que os campeões em título ficassem com o segundo lugar da sua conferência. Ainda que com todos estes problemas e ainda acabar a temporada regular a jogar com jogadores de calibre de G-League a titulares, acabaram com a segunda melhor marca da NBA, mostrando o valor do seu treinador, Steve Kerr.

Começavam os playoffs e as felizes coincidências para a equipa de Golden State, já que na primeira ronda defrontavam uns San Antonio Spurs sem a sua estrela, Kawhi Leonard. Foi trabalho fácil para a equipa da "Bay Area", que mesmo sem Steph Curry consegui despachar a equipa do Texas em 5 jogos enquanto ainda fazia uma gestão de jogadores para o que estaria para vir. Mais simples ainda se tornou quando os Spurs perderam o seu lendário treinador, Gregg Popovich, devido ao triste falecimento da sua esposa. Seguiam confortáveis os campeões.

Seguiam-se aqueles que eram a sensação dos playoffs até então, os New Orleans Pelicans. A equipa de Lousiana acabava de 'varrer' os Portland Trail Blazers e prometia muito com um Rajon Rondo revitalizado e Jrue Holiday e Anthony Davis absolutamente endiabrados. No entanto, a sorte batia mais uma vez à porta dos Warriors, já que para além da já conhecida ausência do poste All-NBA DeMarcus Cousins do outro lado, a cara do franchise Steph Curry estava de volta. Numa série em que o talento de Anthony Davis ainda conseguiu roubar um jogo para o lado de New Orleans, viu-se que os matchups foram um verdadeiro pesadelo para os Pelicans já que estes foram completamente atropelados por uma locomotiva chamada Kevin Durant. Muitas foram as afirmações dos jogadores da equipa da terra do 'Mardi-Gras' que diziam que a 'Durantula' não podia ser defendida. E assim foi, 4-1 Warriors.

Chegávamos finalmente às finais de conferência e à série mais esperada do ano - os dominantes Warriors contra os revolucionários Rockets. Talvez a série que criou mais expetativas nos últimos anos, estas foram algo que cortadas logo no primeiro jogo já que mesmo com grandes exibições de James Harden e Chris Paul, Golden State venceu confortavelmente no Texas por 13 pontos. Esperava-se mais do que já tínhamos visto nos últimos anos até que no segundo jogo da série os Rockets ripostavam com uma vitória e o anulamento de todas as estrelas da equipa da Califórnia não chamadas Kevin Durant. Jogo 3 e... que massacre. O "Roaracle", a casa dos Warriors mostrava o porquê de ser considerado um sexto jogador numa vitória por 41 pontos de diferença em Oakland. Porém, tudo mudava a partir deste jogo, pois lesionava-se Andre Iguodala. A diferença de uma equipa com e sem Iggy foi imediatamente notada pois os Rockets levavam os próximos dois jogos, acabando assim com a invencibilidade caseira da equipa da baía nos playoffs. E quando parecia que a hegemonia dos guerreiros ia acabar eis que a sorte aparecia novamente. Chris Paul lesionava-se no fim do jogo 5 e seria o fim da época para este. Sem uma das suas estrelas era impossível para a equipa do Houston conseguir a vitória que faltava e assim os Golden State Warriors ganhavam os dois jogos seguintes para seguir para uma quarta final seguida.


Cleveland Cavaliers



Passamos agora à segunda equipa nesta final, os Cleveland Cavaliers. É o 4º ano seguido da equipa de "The Land" nas finais e o oitavo do 'rei' LeBron James. Foi, certamente, a caminhada com mais obstáculos de James para as finais. Começando numa off-season em que o seu braço direito, Kyrie Irving exigiu uma troca para ter 'a sua própria equipa'. O negócio foi feito com os Boston Celtics e numa fase inicial este era visto que um autêntico roubo por parte dos Cavaliers já que em retorno recebiam Ante Zizic, a valiosa pick de Brooklyn no Draft de 2018, uma excelente peça para uma equipa de campeonato na forma de Jae Crowder e um base acabado de fazer cerca de 30 pontos por jogo em Isaiah Thomas. Juntando isto à adição de nomes como Jeff Green, o futuro Hall of Famer, Dwyane Wade e o antigo MVP Derrick Rose, acreditava-se que os Cavaliers tinham construído uma equipa para fazer frente aos poderosos Warriors em Junho.

A regular season dos Cavs foi uma autêntica montanha russa. De cedo se viu que estas peças todas juntas eram disfuncionais. A irregularidade e inconsistência da equipa eram evidentes. Se os Cavaliers já eram um alvo fácil para imprensa ainda mais vulneráveis ficaram quando insistiam em começar os jogos com o grande amigo de LeBron, Wade no campo, em detrimento do veterano JR Smith. A relação de LeBron James com o treinador Tyronn Lue nunca foi fácil mas foi dado o benefício da dúvida até ao retorno de Isaiah Thomas que até Fevereiro esteve de fora com uma lesão. A paciência esgotou rápido pois IT jogou apenas 15 jogos como Cavalier até começar a grande revolução na época dos homens do norte dos Estados Unidos. Uma grande limpeza foi feita à equipa que viu sair quase todos os reforços de verão e se reforçou com peças bastante mais jovens (possivelmente antecipando a saída do 'King' no próximo verão). Numa das trade deadlines mais mexidas de sempre os Cavs trocaram Isaiah Tomas, a sua pick de primeiro round e Channing Frye pelos jovens Jordan Clarkson e o Larry Nance Jr. Despacharam o recém-adquirido Jae Crowder e a desilusão Derrick Rose para os Jazz e Iman Shumpert para os Kings e conseguiram um excelente retorno em George Hill e Rodney Hood. Por fim, deixaram Dwyane Wade ir para os Miami Heat por praticamente nada. Seria o ponto de viragem dos Cavs que melhoraram a partir daí, ainda que com muita polémica à mistura com a ausência por motivos pessoais do treinador (durante um período em que a equipa até esteve melhor) e a suspensão de JR Smith por má conduta. Toda esta instabilidade deixava a LeBron e companhia no 4º lugar da conferência e esperava-os um embate com uma das grandes surpresas da liga, os Indiana Pacers.

Seria desonesto dizer que se esperaria que os Pacers fizessem o que realmente fizeram. O mundo do basquetebol esperava uma vitória fácil da equipa de Cleveland e a verdade é que Indiana deu a LeBron James a série de primeira ronda mas difícil da vida dele. Victor Oladipo mostrou que é de facto um 'franchise player' ao liderar a equipa numa série de 7 jogos em que vimos uns Pacers muito lutadores e uns Cavaliers em choque. Não fosse por algumas decisões de arbitragem mais polémicas e, obviamente, um LeBron James monstruoso, talvez 'King James' fosse parado pela primeira vez na ronda inaugural dos Playoffs. Mas, na realidade, foram mesmo os Cavaliers que passaram à próxima etapa após uma das séries de primeira ronda mais renhidas dos últimos anos.

Segunda ronda e o mesmo adversário que os Cavaliers mais gostam de defrontar nos últimos anos, os Toronto Raptors. Nunca foi tão esperada uma vitória dos Raptors como este ano, tendo estes levado a conferência Este e estando os Cavaliers tão inconsistentes e os Celtics tão debilitados. Depois de uma época em que a equipa canadense parecia revitalizada e com um estilo de jogo imensamente melhorado, pode-se dizer que o que vimos foi chocante para quase todos. Mais um choke de DeMar Derozan e 4 jogos sem resposta. Os Cavs varriam mesmo os Raptors com uma tremenda facilidade. O rei e a sua corte estavam de volta às finais de conferência e à ribalta.

Repetiam-se as finais de conferência do ano anterior muito semelhantes, de certa forma. LeBron voltava a defrontar aqueles que eram o carrasco na fase inicial da sua carreira, os Boston Celtics, e estes voltavam a estar sem a sua estrela. Para surpresa de todos os seguidores da NBA os Celtics saltaram de forma impressionante para uma liderança de dois jogos a zero. Nunca antes nas 37 ocasiões em que isto tinha acontecido com a equipa de Boston, estes não ganhariam a série. No entanto, se há homem contra quem não se aposta, esse é 'O Escolhido', LeBron James. Os restantes jogos tiveram um esforço surreal da parte do 'rei' já que este jogou sempre perto do jogo inteiro, rapidamente empatando a série a 2. Boston voltou a ser superior naquele que foi o último piso caseiro a ser conquistado nesta edição dos playoffs mas, jogando os 48 minutos do jogo (!!!), LeBron James, com a ajuda de melhorias a nível exibicional de Jeff Green, JR Smith e George Hill, conseguiu levar a melhor nos últimos dois jogos e vai reencontrar os Golden State Warriors na final.


The Finals



Já há certezas sobre estas finais, algo que pode ser de grande valor para a equipa vencedora do Este - Andre Iguodala, que tem sido o grande limitador de LeBron nos últimos anos, está fora do primeiro jogo. Isto pode ter uma grande influência nos matchups das duas equipas. Espera-se um jogo com um ritmo muito elevado por parte dos Warriors e o uso de todas as suas armas ofensivas mas é esperado que Kevin Durant seja o grande foco do ataque, sem esquecer os temíveis Curry e Thompson. Fulcral nesta série será a aptidão defensiva de George Hill. O ex-Pacer é conhecido pela sua excelente defesa, ainda que esteja muito abaixo do esperado este ano. A base de fãs dos Cavaliers tem esperança na defesa deste naquele que é o melhor lançador de sempre em Steph Curry. Os grandes problemas podem mesmo vir do "Do it all" Draymond Green e, principalmente, da discrepância entre a qualidade ofensiva de Klay Thompson e a defesa de JR Smith, sendo que pela primeira vez neste confronto não haverá Iman Shumpert para defender o número 11 dos Warriors. Espera-se algum tipo de adaptação pois nem JR Smith nem Kyle Korver parecem capazes de parar o atirador. Kevin Love tem fama de desaparecer nas finais (muito por culpa de Draymond Green) e se este for o caso, nem um esforço sobre-humano de LeBron salvará os Cavs. A batalha entre Tristan Thompson e Kevon Looney, Javale Mcgee ou Zaza Pachulia não deverá ter grande destaque a não ser nas tabelas.
É esperado que os Cavaliers melhorem o seu poderia ofensivo e que, pelo menos, concretizem as 'open shots' que Lebron certamente irá proporcionar a Korver, Hill, Smith, Love e até mesmo Jeff Green que tem estado em boa forma nos últimos jogos.

Dado o percurso de ambas as equipas até este ponto e o que os últimos 4 anos nos têm vindo a habituar seria um verdadeiro choque ver os Cavaliers a aguentar mais que 5 jogos.

Confirmarão os Warriors a sua dinastia ou conseguirá LeBron James surpreender e ameaçar ainda mais o trono do fantasma de Chicago?

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