5 de julho de 2018

Porquê, DeMarcus?

Parabéns aos Golden State Warriors por ganharem o título de campeões da NBA de 2019. Posso (e espero) estar redondamente enganado mas após este últimos dois dias, nem o mais esperançoso adepto de basquetebol consegue dar a vitória a outra equipa que não sejam os Warriors. Ao cortar cerca de 25 milhões de um possível salário de 30, DeMarcus Cousins acaba de tomar a decisão mais egoísta da história da liga, e talvez da modalidade.



Background Story


Para chegar ao motivo de toda a polémica e caos que estão instalados fora do soalho neste momento, será pertinente olharmos para a história do jogador. Draftado em 2010 pelos Kings tem-se revelado exatamente aquilo que vinha no rótulo: um jogador carregado de talento e com dotes físicos, mas que ferve em pouca água. A sua passagem pelos Kings pode ter sido uma das suas motivações para esta decisão. Nos 7 anos em que residiu em Sacramento foi, de longe, o melhor jogador da equipa californiana. Aliás, em termos individuais é, possivelmente, o melhor jogador da era moderna do franchise. Como King, teve médias de cerca de 21 pontos, 11 ressaltos e 3 assistências. A sua fama de não ser um grande defensor pode ser contrariada com uns respeitáveis 1.2 desarmes de lançamento e 1.4 roubos de bola. Apesar das 3 nomeações para All-Star e 2 nomeações para uma All-NBA Team durante este período, foram 7 anos sem atingir os playoffs. A frustração crescia num homem que já tem o pavio curto.

A 20 de Fevereiro de 2017, Cousins descobre, em direto, que foi trocado para Nova Orleães. Embora não tenha visto a ideia com bons olhos no início (dado que foi trocado sem saber), a possibilidade de jogar com outro jogador de Top 10 em Anthony Davis seduziu o jogador e aumentou a sua ambição. No entanto, a troca acontecia já tarde e o processo de adaptação demorou em acontecer. Era mais um ano sem playoffs para o produto de Kentucky.

Novo ano e esperança renovado já que seria uma época inteira de um frontcourt que juntava duas autênticas bestas. Jogarem juntos era algo ainda recente e, por isso, o processo de adaptação ainda não estava concluído. A temporada não começava da melhor maneira mas com o tempo viram-se melhorias e com a melhoria no desempenho de Rajon Rondo e Jrue Holiday, os Pelicans estavam, finalmente, em full-effect. Os Deuses do basquetebol disseram que ainda não era desta e lançaram um raio a DeMarcus na forma de uma rutura do tendão de Aquiles. Os New Orleans Pelicans seguiam para os Playoffs mas Cousins ficava mais uma época a ver de fora.

Para se ter em conta a decisão do poste é preciso ter em conta o que aconteceu após a sua lesão. Os Pelicans melhoraram imenso com a mudança de Anthony Davis para a posição de Center e com Nikola Mirotic a esticar o jogo e a aumentar a ameaça exterior da equipa de Louisiana. Seguiam-se semanas de vitórias e uma série de primeira ronda de Playoffs onde os Pelicans puxaram da vassoura para limpar os Trailblazers de Lillard e McCollum em 4 jogos. Ainda conseguiram roubar um jogo à futura equipa de DeMarcus mas acabavam por cair para aquela que (já) era a melhor equipa de sempre.

A nossa opinião


Saltamos quase dois meses para os dias atuais, onde Cousins é um agente livre. Os favoritos a conseguir os seus serviços eram a equipa onde ela já atuava, os New Orleans Pelicans. E aqui entra o fator saúde. Uma rutura no tendão de Aquiles é uma lesão de gravidade extrema. Conta com um mínimo de 9 meses de recuperação e é especialmente conhecida porque os jogadores que sofrem do procedimento cirúrgico que esta exige nunca mais são os mesmo. O melhor exemplo disto é mesmo o lendário Kobe Bryant que nunca mais voltou ao seu melhor após uma lesão do mesmo tipo. Dado o historial de tamanha lesão, é normal que as equipas estejam hesitantes em dar-lhe o max-contract que parecia garantido em Fevereiro.

Foi reportado que os New Orleans Pelicans ofereceram um contrato de 40 milhões de dólares no decorrer de 2 anos ao poste All-NBA. Este rejeitou. É a partir daqui que a raiva de todos os amantes desta modalidade, eu incluído, origina. DeMarcus Cousins aceita juntar-se assim a uma equipa que já é a melhor de sempre por uns meros 5.3 milhões!!!



Como adepto de basquetebol considero isto o comportamento mais egoísta da história do basquetebol! A NBA, e os desportos americanos em si diferem do resto do mundo pela sua competitividade. É o que torna os Estados Unidos da América no melhor país desportivo do planeta. Os tetos salariais existem para evitar estas situações. Posso dizer, com toda a certeza do mundo, que, estando a base da equipa saudável, os Golden State Warriors serão campeões em 4 jogos novamente. Pessoalmente, sinto-me irritado, frustrado e digo até enojado com tamanha atitude. Numa entrevista com Marc J. Spears, DeMarcus Cousins afirma "Eu estava fodi**" [por não ter recebido uma nova proposta por parte dos Pelicans]. Na mesma entrevista afirma também que foi o próprio a contactar Bob Myers, o dono da fraquia californiana. Sendo este o caso, é ainda mais insultuoso e uma autêntica cuspidela na cara de todos os adeptos da modalidade. DeMarcus podia perfeitamente ter feito o mesmo com outra equipa e isso aumentaria a competitividade da liga. Reports dizem que os Celtics seriam a segunda equipa na sua lista e seria visto com melhores olhos. Os próprios Houston Rockets ainda não renovaram com Capela e podiam, por isso, estar também interessados. Falava-se também nos Lakers que agora têm o melhor jogador do mundo em LeBron James. Haviam muitas hipóteses para além da que foi, efetivamente, escolhida. O próprio DeMarcus afirma que sabe que ainda é um max player. Se esse é o caso, porque não alinhar num outro projeto para o provar? Um jogador que poderia ser um dos melhores de todos os tempos vai agora, para sempre, ter a sua reputação manchada. Como adepto, espero que tenhamos mais surpresas na próxima época. Que não seja tão previsível como tem sido e que estas atitudes tenham um fim. Antes de esta próxima temporada começar, DeMarcus Cousins já a arruinou.

Deixo, por fim, mais uma citação de DeMarcus Cousins, na forma de um vídeo. Esta descreve o estado de espírito dos amantes de basquetebol neste momento:



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