27 de setembro de 2018

Previsão de Época: Houston Rockets

A nossa viagem pelo Oeste dos Estados Unidos continua. A Califórnia foi boa mas pelos vistos esquecemo-nos de qualquer coisa no Texas. Parece que o azar toca a todos porque não fomos os únicos a perder algo. Houston (Rockets), we've got a problem!



"Chris Paul e James Harden juntos? Isso nunca vai resultar" Quantas foram as pessoas a dizer isto? Durante meses, analistas, comentadores e adeptos de todo o tipo deram a sua opinião naquela que foi uma decisão ousada da direção dos Houston Rockets. O primeiro jogo da época viu este duo a vencer os campeões e mega-favoritos Warriors. A dúvida mantinha-se. "Era só um jogo" diziam as mesmas pessoas que questionaram a decisão desde o início. Chris Paul iria contrair uma lesão logo após esse jogo e ficaria ausente por um tempo considerável. Durante a sua paragem, os Rockets seguiam com um sucesso tremendo. A fórmula da época anterior de James Harden a liderar a equipa da posição de base era reutilizada e os Rockets iam de vento em poupa. Eis que Chris Paul voltou e a dúvida ainda pairava. Rapidamente todos esses pontos de interrogação desapareceram. Com CP3, "The Beard" e companhia, os Rockets jogaram um basquetebol absolutamente revolucionário, mudando tudo antes visto num campo da NBA. Lançamentos de meia distância tornaram-se virtualmente proibidos. Lançamentos apenas seriam debaixo do cesto ou da linha de 3 pontos. Chegávamos a meio da época com uma quantidade ridícula de lançamentos de 3 pontos. O duo conseguia coabitar no backcourt, Ariza primava pela sua defesa e capacidade de tiro exterior, PJ Tucker agarrou a posição de Power Forward ao fazer exatamente o mesmo e Capela florescia com o serviço prestado pelos dois All-Stars. Acabariam o ano a obliterar o recorde de triplos tentados e convertidos e ao contrário da opinião dos especialistas, acabavam a temporada regular no primeiro lugar da conferência, à frente dos temidos Golden State Warriors.
A primeira ronda ditou um confronto curioso, contra os Timberwolves que estavam há 14 anos sem "Playoff Basketball". A instabilidade da equipa do Norte dos EUA e a qualidade e o sistema de jogo dos Rockets vieram ao de cima e Houston ganhava em 5 jogos.
A segunda ronda adivinhava-se complicada. Houston encontrava os Utah Jazz pela frente, uma equipa que tinha o melhor registo da liga após a pausa do fim-de-semana All-Star. Desde o retorno de Rudy Gobert que os Jazz eram a melhor defesa da liga e o rookie Donovan Mitchell estava numa forma assustadora. No entanto, o matchup com a equipa dos Rockets não era o melhor. Com o seu sistema baseado no jogo exterior, o domínio de garrafão do francês Gobert tornou-se praticamente nulo e assim Houston passava, mais uma vez em 5 jogos, à final de conferência.
As finais de conferência ditaram o confronto mais esperado do ano: Houston Rockets vs Golden State Warriors. Como já foi mencionado no artigo dos Warriors, cada jogo teve a sua própria história. Os Warriors venciam o jogo 1 com alguma facilidade mas os Rockets ripostariam com uma larga vitória no jogo 2. Golden State responderia na mesma moeda com um autêntico blowout no jogo 3. Os jogos 4 e 5 foram o melhor desta série. Em jogos extremamente renhidos, os Rockets levaram de vencidos os Warriors em ambas as ocasiões. Os Deuses do basquetebol, no entanto, não foram simpáticos para os texanos já que Chris Paul acabaria o jogo 5 lesionado e não voltaria à série. A partir daí já não seria um confronto de poderes equiparáveis. Golden State venceria confortavelmente os últimos dois jogos e seguiriam para as finais onde viriam a ser campeões.



Não devo ser o único a ter ouvido os meus familiares a dizer para fechar a porta e que estavam fartos de ver gente a entrar e a sair. Ora se o meu pai fosse o dono dos Rockets toda a gente lá ia passar mal, mas não é. Por isso este verão ditou muitas entradas e saídas na equipa de Houston.
Há saídas muito significativas na primeira seed do Oeste. Daryl Morey mostra mais uma vez que é um craque das negociações e consegue despachar o enorme contrato de Ryan Anderson. Tarik Black e RJ Hunter, dois "jovens" que estiveram um ano a tentar entrar na rotação acabam por sair, Black para a Europa e Hunter para os Hawks. O lançador de lances livres "à padeiro", Chinanu Onuaku, sai para os Trail Blazers sem nunca ter dado um verdadeiro contributo à equipa texana. Joe Johnson sai meses depois de ter escolhido os Rockets como a equipa onde competiria por um campeonato após ter jogado muito pouco. Por fim, as duas baixas mais importantes. Primeiro, Luc Mbah a Moute, um autêntico tapa buracos na última temporada que primava pela sua defesa e melhorada capacidade de tiro exterior. Sai também o titular Trevor Ariza, um jogador que era absolutamente fundamental na equipa com a sua defesa sufocante e capacidade de lançamento de longa distância. Ariza acaba por receber um contrato chorudo depois de ter sido terrível na série contra os Warriors. Será uma baixa importantíssima na equipa.
Ora se houve muitas saídas, há ainda mais entradas. O "Kevin Durant brasileiro", Bruno Caboclo, chega depois de ter sido dispensado pelos Kings. Michael Carter-Williams chega sem se perceber bem porquê. É dos jogadores da liga que menos sentido faz neste sistema. Marquese Chriss e Brandon Knight chegam na troca que mandou Ryan Anderson embora. Chriss é um jovem cheio de potencial que é limitado apenas por ele mesmo, Knight não joga há dois anos e não se sabe que jogador poderemos ver quando este voltar. Vincent Edwards é a escolha de segunda ronda da equipa e o alemão Isaiah Hartenstein fará parte do plantel depois de ter sido escolhido no Draft de 2017. James Ennis chega de Detroit e poderá ser uma boa peça para esta equipa. Por fim, a preço de saldo, Carmelo Anthony é finalmente um Rocket e junta-se ao seu melhor amigo, Chris Paul.


Opinião

Confesso que não percebo minimamente o que se passou com a direção dos Rockets para fazerem decisões tão descabidas no que toca a movimentações. Parece mesmo que foi uma questão de quantidade ao invés de qualidade. Grande parte dos atletas contratados este verão não encaixam minimamente no sistema de D'Antoni. O ex-treinador do ano prima pelo ataque mas ano passado vimos algo diferente, uma equipa que também defendia, muito fruto da qualidade dos jogadores nessa vertente. As adições à equipa simplesmente não fazem sentido.
Caboclo, Edwards e Hartenstein pouco deverão jogar. Michael Carter-Williams é o PIOR jogador da liga para este sistema. O seu lançamento está simplesmente estragado. Marquese Chriss tem vindo a ser um problema de balneário, e mesmo que não fosse não é um jogador que encaixe muito bem na equipa dos Rockets. A ver se há melhorias no seu jogo exterior. Brandon Knight, ainda que os Rockets precisem de um base suplente é uma incógnita. Era um base titular sólido e extremamente útil mas a verdade é que está há dois anos parado. Não sabemos o que sairá daqui. Por fim, Carmelo Anthony que se rejeita a não ser o protagonista de uma equipa e tem causado mau ambiente nos últimos anos. Como o substituo direto de Ariza não consigo não ver isto como um erro. É dos jogadores que mais lança de meia distância, algo muito raro na equipa dos Rockets. A sua defesa é praticamente nula e precisa de muita bola nas mãos. Estando numa equipa com Paul e Harden isso será extremamente complicado. No meio de toda esta confusão, o que se aproveita é James Ennis que defende, é duro e é aceitável de longa distância sendo que deverá ser melhor com os lançamentos abertos que terá como Rocket.
O 5 titular mantém-se intacto à parte de Melo. Chris Paul assinou um max-contract e será um Rocket para os próximos quatro anos. Harden mantém-se como a estrela da equipa depois do seu ano de MVP, PJ Tucker é o jogador perfeita para a posição 4 dos Rockets e deverá manter-se titular. Capela está agora amarrado à equipa num contrato com duração de 4 anos também e deverá continuar o seu crescimento ainda que a um ritmo mais lento, tendo em conta o sucesso que foi a última época.
Do banco há a certeza de que Eric Gordon vai dar um enorme contributo, ainda que se esteja a equacionar a possibilidade de este saltar para o 5 titular e Carmelo Anthony ser o novo 6th man da equipa. Gerald Green deverá ter bons minutos fruto das boas prestações que teve na época transata. Os minutos de Nené deverão ser mais escassos ainda que, certamente, terá algo a dar à equipa. Os reforços Marquese Chriss e James Ennis deverão contribuir de alguma maneira. Veremos como voltará Brandon Knight dado que poderá ser um jogador muito importante vindo do banco.
É difícil dizer que será uma época de tanto sucesso como no ano passado. Penso que os Warriors são uma certeza no primeiro lugar, contando que nenhuma grande lesão afete a equipa. Quanto aos Rockets, prevejo um segundo ou talvez terceiro lugar na conferência (mais sobre isto numa futura análise a outra equipa).

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