Real Madrid e Liverpool são
os protagonistas para o evento mais aguardado do futebol europeu que
se irá realizar em Kiev no próxima sábado – 26 de Maio – pelas
19h45. O domínio dos madrilenos tem sido quase total, com 3 conquistas nas últimas 4 edições (esta pode ser a 3ª de forma
consecutiva). Por outro lado, o Liverpool volta a disputar uma Final
da Liga dos Campeões depois do célebre embate de Istambul em 2005,
onde acabou por bater o AC Milan nas grandes penalidades. Outro foco
do encontro será o duelo Cristiano Ronaldo vs Mohamed Salah, duelo
esse que poderá ser o principal “trampolim” para a corrida à
bola de ouro.
Mais
do que nunca, quando se fala em Liga dos Campeões, é difícil não
mencionar o Real Madrid. Ano após ano, a capacidade da equipa se
superar a si mesma tem sido colocada em questão, mas a verdade é
que voltam a estar, mais uma vez, no momento mais decisivo da
temporada. Já ninguém parece duvidar daquele é o grande objetivo
de Florentino Perez. Se as vitórias na
Champions têm sido
muito saudadas e reveladoras de um projeto de muitos milhões, o
mesmo não se pode dizer em relação ao trajeto do clube no
campeonato. São apenas 2 as vitórias nos últimos 10 anos de
La
Liga. Ainda assim, este não parece ser um fator que preocupa
muito a massa associativa.
Verdade
seja dita, não tem havido grande evolução no jogo dos
blancos,
Zidane parece continuar a confiar no seu núcleo forte e na
capacidade que estes experientes jogadores têm para decidir uma
partida a qualquer momento. As idas ao mercado já não têm
provocado mexidas significativas e a aposta parece passar pelos mais
jovens, uma clara ideia de que o futuro pós-Ronaldo não está tão
longe quanto isso. A idade começa a “pesar” naquelas que são as
principais figuras do sistema e, talvez por isso, pareçam mais
talhados para eliminatórias, onde a rotatividade não se adivinha
tão importante, e não para provas que exijam um elevado grau de
consistência.
Demasiado
cedo, foi assim que o Real abandonou a corrida pelo título espanhol
na presente temporada, facilmente aproveitado pelo eterno rival da
Catalunha. Resultados terríveis atrás de grandes deceções, não
faziam acreditar que o clube chegaria a nova Final de uma competição
como a Liga dos Campeões. As coisas pareciam complicar-se logo à
partida, uma vez que Tottenham e Borussia Dortmund tinham calhado em
“sorte” na fase de grupos. Um Borussia muito esmorecido, contudo,
facilitou e muito o trabalho de Ronaldo e companhia que ultrapassaram
esta fase mesmo sem ganhar qualquer encontro aos ingleses.
Nova
fase, novo desafio. No duelo dos milhões, o adversário dos oitavos
de final foi o PSG de Neymar e tantos outros “galáticos” - como
gostam de chamar em Espanha. Mais uma vez, a tarefa revelou-se mais
fácil do que o esperado. Duas partidas completamente dominadas pelos
merengues foram o espelho de uma equipa que consegue mudar o
chip quando entra em campo para esta competição, e de outra
que continua a fracassar ao mais alto nível, talvez em virtude do
menos exigente campeonato francês. A grande história deste percurso
estava guardada para as duas eliminatórias seguintes.
Primeiro
a Juventus, a agora heptacampeã italiana. Para grande surpresa da
maioria, uma série de erros defensivos permitiram ao Real sair de
Turim com uma vantagem confortável, 3-0 foi o resultado. Para a
memória fica o fantástico pontapé de bicleta de Ronaldo, a coisa
parecia resolvida. Errado, a Juve transforma-se na visita ao Bernabéu
e, apanhando de surpresa uma equipa estranhamente apática e
relaxada, a eliminatória chega mesmo a estar empatada. Já na
compensação do encontro, Benatia comete penalti sobre Vazquez e...
checkmate! Depois, o colosso alemão, o hexacampeão Bayern de
Munique. Foram duas “batalhas” extremamente duras e interessantes
de assistir e, apesar de se ter deixado bater em casa, o Bayern de
Jupp
Heynckes
parece ter feito o suficiente para marcar presença na Final de Kiev.
A estrelinha voltou a sorrir aos homens do costume.
Quanto
ao Liverpool, o patamar é efetivamente outro e começa agora a
“colher os frutos” de um verdadeiro projeto. Jürgen Klopp chega
em 2015 com um só objetivo, devolver ao clube os tempos de glória e
os títulos que têm fugido de forma clara nos últimos anos. Apesar
de ainda serem visíveis algumas lacunas importantes, as bases estão
criadas e vão sendo cimentadas com o aglomerar da própria
experiência. A equipa chegou, inclusive, a disputar a Final da Liga
Europa em 2016, perdendo no entanto para o “dono e senhor” da
competição - o Sevilla. Os
reds
não conseguiram, nessa mesma temporada, qualificar-se para as
competições europeias mas responderam com uma ótima campanha na
Premier League que lhes valeu um lugar nesta edição da Liga dos
Campões.
Ainda
que a cultura e a mentalidade de qualquer equipa inglesa passe pelo
foco na conquista da principal competição doméstica, a falta de
consistência e a inexperiência de Klopp (em Inglaterra) têm
abrandado bastante esse processo. A “turma” do alemão até
apresenta um excelente rácio no que toca ao confronto com os rivais
diretos, mas os resultados não são os mesmos quando falamos de
equipas mais modestas e aguerridas da metade inferior da tabela.
Desde cedo se percebeu que o trio Mané-Firmino-Salah dava cartas e
conta de um ataque muito temido, mas é no momento defensivo que têm
surgido as principais dores de cabeça.
O
sorteio da fase de grupos não podia ter sido melhor para esta equipa
do Liverpool. O “carrasco” Sevilla e o Spartak de Moscovo eram os
adversários mais complicados, se é isso que lhe podemos chamar e, apesar de algum desconforto em torno da possível saída de Coutinho
(que acabaria por se concretizar) e dos contínuos problemas
defensivos que se amontoavam, as contas acabaram por ser fáceis
fazer. Os ingleses carimbaram a passagem à fase seguinte e nota
ainda para a contratação recorde do central Van Dijk
(ex-Southampton) no mercado de inverno que, obviamente não
resolvendo todas as lacunas, foi uma excelente adição ao plantel.
Nos
oitavos de final, mais fácil ainda. O Porto deixou-se levar pelo
plano de contra-ataque em que os
reds se sentem mais do que
confortáveis, e foram surpreendidos no Dragão com 5 golos sem
resposta. A 2ª mão não foi mais do que mero calendário. Na ronda
seguinte estava reservado um duelo de ingleses. Ainda que o grande
favoritismo tivesse sido atribuído ao City de Guardiola, o Liverpool
comprovou a teoria de que nos “jogos grandes” a concentração é
outra e até a defesa funciona às mil maravilhas. A transição
atacante voltou a deliciar os seus adeptos que viram a equipa vencer
os dois confrontos de forma inequívoca.
Uma
viagem a Roma estava marcada para uma inesperada meia final. A
reviravolta histórica do conjunto italiano frente ao “todo
poderoso” Barcelona fazia prever um embate extremamente intenso e
complicado. Todavia, o ambiente em Anfiel, aliado à rapidez e
energia da equipa da casa, é quase impossível de conter. 5-2 foi o
resultado da 1ª mão. Resultado volumoso mas que ia ficando curto
face à resposta impetuosa que os romanos empregaram no seu terreno.
Se a partida tivesse mais 10 minutos, o finalista provavelmente seria
outro... a defesa continua a precisar de melhorar.
A
motivação parece estar em alta para ambos os lados da “barricada”
e, ao que tudo indica, teremos uma bela Final da mais importante
competição europeia. Golos, jogo fluído de parte a parte e lances
de enorme criatividade, é isto que se espera e que empolga qualquer
adepto de futebol. O Real Madrid, mais uma vez, irá deixar a
qualidade exibicional para segundo plano, o importante é vencer. Já
o Liverpool, com 84 golos marcados na Premier League e mais 40 nesta
edição da Liga dos Campeões, parece ter o know how completo
de como fazer mexer a rede adversária.
O
conjunto inglês optará, como quase sempre, por jogar no
contra-ataque, com trocas de bola rápidas e a tentar chegar o quanto
antes à área adversária. Com o foco nos flancos, a “ordem da
noite” é para rematar sempre que possível. A grande dúvida, como
já referimos, passará pela capacidade (ou falta dela) da equipa
em travar o forte e conhecido ataque madrileno. Por sua vez, o histórico clube espanhol deverá ter vantagem na luta pelo meio campo e parte do controlo passará pela forma cautelosa como irá gerir as movimentações do trio de "motas" do adversário.
Já conhecidas as lesões de Chamberlain, Matip e Joe Gomez, a potencial ausência de Firmino pode ser um dos fatores chave para as contas finais. A 100% é como se vai apresentar o plantel do Real Madrid. Apesar do inevitável favoritismo dos "pupilos" de Zidane, consideramos que este é um jogo de fecho completamente imprevisível e que pode cair para qualquer um dos lados. Adivinha-se sim um grande espetáculo, repleto de artistas e protagonistas de grande classe, com os telespetadores agarrados ao sofá até ao último apito do juíz da partida.
Tendo em conta o "dom" de cada um dos ataques para faturar, vai ser maior a ganância de marcar ou a vontade para não sofrer?
Sem comentários:
Enviar um comentário