24 de maio de 2018

Final da Liga dos Campeões: Antevisão

Real Madrid e Liverpool são os protagonistas para o evento mais aguardado do futebol europeu que se irá realizar em Kiev no próxima sábado – 26 de Maio – pelas 19h45. O domínio dos madrilenos tem sido quase total, com 3 conquistas nas últimas 4 edições (esta pode ser a 3ª de forma consecutiva). Por outro lado, o Liverpool volta a disputar uma Final da Liga dos Campeões depois do célebre embate de Istambul em 2005, onde acabou por bater o AC Milan nas grandes penalidades. Outro foco do encontro será o duelo Cristiano Ronaldo vs Mohamed Salah, duelo esse que poderá ser o principal “trampolim” para a corrida à bola de ouro.



Mais do que nunca, quando se fala em Liga dos Campeões, é difícil não mencionar o Real Madrid. Ano após ano, a capacidade da equipa se superar a si mesma tem sido colocada em questão, mas a verdade é que voltam a estar, mais uma vez, no momento mais decisivo da temporada. Já ninguém parece duvidar daquele é o grande objetivo de Florentino Perez. Se as vitórias na Champions têm sido muito saudadas e reveladoras de um projeto de muitos milhões, o mesmo não se pode dizer em relação ao trajeto do clube no campeonato. São apenas 2 as vitórias nos últimos 10 anos de La Liga. Ainda assim, este não parece ser um fator que preocupa muito a massa associativa.

Verdade seja dita, não tem havido grande evolução no jogo dos blancos, Zidane parece continuar a confiar no seu núcleo forte e na capacidade que estes experientes jogadores têm para decidir uma partida a qualquer momento. As idas ao mercado já não têm provocado mexidas significativas e a aposta parece passar pelos mais jovens, uma clara ideia de que o futuro pós-Ronaldo não está tão longe quanto isso. A idade começa a “pesar” naquelas que são as principais figuras do sistema e, talvez por isso, pareçam mais talhados para eliminatórias, onde a rotatividade não se adivinha tão importante, e não para provas que exijam um elevado grau de consistência.

Demasiado cedo, foi assim que o Real abandonou a corrida pelo título espanhol na presente temporada, facilmente aproveitado pelo eterno rival da Catalunha. Resultados terríveis atrás de grandes deceções, não faziam acreditar que o clube chegaria a nova Final de uma competição como a Liga dos Campeões. As coisas pareciam complicar-se logo à partida, uma vez que Tottenham e Borussia Dortmund tinham calhado em “sorte” na fase de grupos. Um Borussia muito esmorecido, contudo, facilitou e muito o trabalho de Ronaldo e companhia que ultrapassaram esta fase mesmo sem ganhar qualquer encontro aos ingleses.

Nova fase, novo desafio. No duelo dos milhões, o adversário dos oitavos de final foi o PSG de Neymar e tantos outros “galáticos” - como gostam de chamar em Espanha. Mais uma vez, a tarefa revelou-se mais fácil do que o esperado. Duas partidas completamente dominadas pelos merengues foram o espelho de uma equipa que consegue mudar o chip quando entra em campo para esta competição, e de outra que continua a fracassar ao mais alto nível, talvez em virtude do menos exigente campeonato francês. A grande história deste percurso estava guardada para as duas eliminatórias seguintes.

Primeiro a Juventus, a agora heptacampeã italiana. Para grande surpresa da maioria, uma série de erros defensivos permitiram ao Real sair de Turim com uma vantagem confortável, 3-0 foi o resultado. Para a memória fica o fantástico pontapé de bicleta de Ronaldo, a coisa parecia resolvida. Errado, a Juve transforma-se na visita ao Bernabéu e, apanhando de surpresa uma equipa estranhamente apática e relaxada, a eliminatória chega mesmo a estar empatada. Já na compensação do encontro, Benatia comete penalti sobre Vazquez e... checkmate! Depois, o colosso alemão, o hexacampeão Bayern de Munique. Foram duas “batalhas” extremamente duras e interessantes de assistir e, apesar de se ter deixado bater em casa, o Bayern de Jupp Heynckes parece ter feito o suficiente para marcar presença na Final de Kiev. A estrelinha voltou a sorrir aos homens do costume.


Quanto ao Liverpool, o patamar é efetivamente outro e começa agora a “colher os frutos” de um verdadeiro projeto. Jürgen Klopp chega em 2015 com um só objetivo, devolver ao clube os tempos de glória e os títulos que têm fugido de forma clara nos últimos anos. Apesar de ainda serem visíveis algumas lacunas importantes, as bases estão criadas e vão sendo cimentadas com o aglomerar da própria experiência. A equipa chegou, inclusive, a disputar a Final da Liga Europa em 2016, perdendo no entanto para o “dono e senhor” da competição - o Sevilla. Os reds não conseguiram, nessa mesma temporada, qualificar-se para as competições europeias mas responderam com uma ótima campanha na Premier League que lhes valeu um lugar nesta edição da Liga dos Campões.

Ainda que a cultura e a mentalidade de qualquer equipa inglesa passe pelo foco na conquista da principal competição doméstica, a falta de consistência e a inexperiência de Klopp (em Inglaterra) têm abrandado bastante esse processo. A “turma” do alemão até apresenta um excelente rácio no que toca ao confronto com os rivais diretos, mas os resultados não são os mesmos quando falamos de equipas mais modestas e aguerridas da metade inferior da tabela. Desde cedo se percebeu que o trio Mané-Firmino-Salah dava cartas e conta de um ataque muito temido, mas é no momento defensivo que têm surgido as principais dores de cabeça.

O sorteio da fase de grupos não podia ter sido melhor para esta equipa do Liverpool. O “carrasco” Sevilla e o Spartak de Moscovo eram os adversários mais complicados, se é isso que lhe podemos chamar e, apesar de algum desconforto em torno da possível saída de Coutinho (que acabaria por se concretizar) e dos contínuos problemas defensivos que se amontoavam, as contas acabaram por ser fáceis fazer. Os ingleses carimbaram a passagem à fase seguinte e nota ainda para a contratação recorde do central Van Dijk (ex-Southampton) no mercado de inverno que, obviamente não resolvendo todas as lacunas, foi uma excelente adição ao plantel.

Nos oitavos de final, mais fácil ainda. O Porto deixou-se levar pelo plano de contra-ataque em que os reds se sentem mais do que confortáveis, e foram surpreendidos no Dragão com 5 golos sem resposta. A 2ª mão não foi mais do que mero calendário. Na ronda seguinte estava reservado um duelo de ingleses. Ainda que o grande favoritismo tivesse sido atribuído ao City de Guardiola, o Liverpool comprovou a teoria de que nos “jogos grandes” a concentração é outra e até a defesa funciona às mil maravilhas. A transição atacante voltou a deliciar os seus adeptos que viram a equipa vencer os dois confrontos de forma inequívoca.

Uma viagem a Roma estava marcada para uma inesperada meia final. A reviravolta histórica do conjunto italiano frente ao “todo poderoso” Barcelona fazia prever um embate extremamente intenso e complicado. Todavia, o ambiente em Anfiel, aliado à rapidez e energia da equipa da casa, é quase impossível de conter. 5-2 foi o resultado da 1ª mão. Resultado volumoso mas que ia ficando curto face à resposta impetuosa que os romanos empregaram no seu terreno. Se a partida tivesse mais 10 minutos, o finalista provavelmente seria outro... a defesa continua a precisar de melhorar.


A motivação parece estar em alta para ambos os lados da “barricada” e, ao que tudo indica, teremos uma bela Final da mais importante competição europeia. Golos, jogo fluído de parte a parte e lances de enorme criatividade, é isto que se espera e que empolga qualquer adepto de futebol. O Real Madrid, mais uma vez, irá deixar a qualidade exibicional para segundo plano, o importante é vencer. Já o Liverpool, com 84 golos marcados na Premier League e mais 40 nesta edição da Liga dos Campeões, parece ter o know how completo de como fazer mexer a rede adversária.

O conjunto inglês optará, como quase sempre, por jogar no contra-ataque, com trocas de bola rápidas e a tentar chegar o quanto antes à área adversária. Com o foco nos flancos, a “ordem da noite” é para rematar sempre que possível. A grande dúvida, como já referimos, passará pela capacidade (ou falta dela) da equipa em travar o forte e conhecido ataque madrileno. Por sua vez, o histórico clube espanhol deverá ter vantagem na luta pelo meio campo e parte do controlo passará pela forma cautelosa como irá gerir as movimentações do trio de "motas" do adversário.

Já conhecidas as lesões de Chamberlain, Matip e Joe Gomez, a potencial ausência de Firmino pode ser um dos fatores chave para as contas finais. A 100% é como se vai apresentar o plantel do Real Madrid. Apesar do inevitável favoritismo dos "pupilos" de Zidane, consideramos que este é um jogo de fecho completamente imprevisível e que pode cair para qualquer um dos lados. Adivinha-se sim um grande espetáculo, repleto de artistas e protagonistas de grande classe, com os telespetadores agarrados ao sofá até ao último apito do juíz da partida.

Tendo em conta o "dom" de cada um dos ataques para faturar, vai ser maior a ganância de marcar ou a vontade para não sofrer?

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