15 de maio de 2018

Final da Liga Europa: Antevisão

A Final vai disputar-se em Lyon - dia 16 de Maio, pelas 19h45 - e opõe Atlético de Madrid e Marselha. Enquanto os espanhóis podem alcançar a sua 3ª conquista na competição (vitórias em 2010 e 2012), os franceses tentam a sua 1ª glória após saírem derrotados das finais de 1999 e 2004.


Desde que Diego Simeone assumiu o comando dos colchoneros em 2011, além de ter apresentado um nível bastante elevado e consistente de resultados em comparação com os sucessos (ou falta deles) de épocas anteriores, a equipa tem sido presença assídua nos palcos das grandes decisões. Por seu lado, o Marselha surge aqui como uma aparição algo surpreendente face àquilo que têm sido anos menos famosos do histórico clube gaulês.


Começamos então a nossa análise por aqueles que têm recebido um maior número de seguidores no passado recente, o Atlético de Madrid. Depois de campanhas extremamente positivas na máxima competição da UEFA em 2014 e 2016, atingindo a finalíssima em ambas as ocasiões (contudo, perdidas para o grande rival de Madrid), esta não foi uma edição que vá ficar na memória dos adeptos. A equipa deixou-se bater pela AS Roma e pelo Chelsea e acabou por cair de forma prematura na fase de grupos.

Se na Liga dos Campeões os pupilos de Simeone não entravam no lote dos grandes favoritos, na Liga Europa eram eles próprios a encabeçar um grupo muito restrito de verdadeiras candidaturas. Esta premissa ganhou ainda mais relevo a partir do momento em que o Barcelona tomou quase por garantida a liderança de La Liga, permitindo assim uma gestão mais cautelosa e adequada de todo o plantel para o resto da temporada.

Relativamente ao trajeto até à final, o Atlético de Madrid bateu de forma tranquila o Lokomotiv de Moscovo e o FC Copenhaga nas duas primeiras rondas do "mata-mata", encontrando depois o Sporting nos quartos de final. Verdade seja dita, os portugueses foram aqueles que mais perto estiveram de causar uma enorme surpresa com 2 jogos de grande categoria. Já nas meias finais, o oponente parecia ser o outro grande aspirante à conquista do troféu, mas os londrinos do Arsenal mostraram sempre pouco ímpeto numa eliminatória que teve tudo para correr a seu favor.

Quanto ao futebol propriamente dito, o estilo tático do conjunto espanhol é bem conhecido e dos mais estudados por toda a comunidade aficionada. Excelente organização defensiva, bloco relativamente alto e pressão intensa, sempre à procura do erro no adversário de forma a premiar a sua grande arma, o contra ataque. Apesar de a espaços também assistirmos a um Atlético mais solto e ofensivo, principalmente em momentos mais intermédios do jogo, aquele que se verá na final de quarta feira será muito à imagem da "fortaleza" a que Godín e companhia tão bem já nos habituaram.


Do outro lado do campo vai estar uma equipa que, ao contrário da 1ª, entrou na competição desde cedo. Em virtude da reputação e investimento feito na qualidade do plantel, a candidatura dos franceses, apesar de menos relevante, foi sempre tida em conta por um simples motivo. A Ligue 1 está cada vez mais competitiva e a luta pelos "apetitosos" 2+1 lugares de acesso à liga milionária adivinhava-se dramática. A conquista de uma competição como a Liga Europa garante esse mesmo acesso e certamente que ninguém da Direção desviou a atenção dessa possibilidade.

A equipa de Rudi Garcia até nem teve um começo de temporada positivo, muito pelo contrário. Os resultados teimavam em não aparecer e o nível exibicional estava longe de convencer os adeptos que chegaram a entoar as suas vozes de desagrado. Prova disso mesmo foi a fraca prestação logo na fase de grupos, cujo apuramento esteve inclusive em risco. Já na 2ª metade da temporada, os jogadores do Marselha parecem ter finalmente encontrado o seu próprio "elixir". Maior objetividade, determinação e foco aliados à fluidez imposta pelos seus maiores criativos, tornaram assim o clube do sul de França num dos mais temidos da competição.

A travessia, contudo, foi mais complicada do que aquilo que seria de esperar. SC Braga e Athelic Bilbao foram os adversários do 16-avos e oitavos de final, respetivamente, e foram aqueles que menos estragos causaram pelo caminho. Seguiu-se o RB Leipzig que, apesar de muito competentes e aguerridos até então, demonstraram poucos argumentos para levar de vencida a eliminatória. Mesmo depois da derrota (injusta) pela margem mínima na Alemanha, a 2ª mão foi um autêntico "atropelo" por parte dos franceses que se destacaram por uns expressivos 5-2.

O verdadeiro teste estava guardado para as meias finais. O jovem plantel do Salzburg vinha jogando um futebol delicioso e só mesmo alguma falta de maturidade e um Marselha duro de roer poderiam terminar com as suas aspirações. As expetativas não desfraldaram e ambos os jogos terminaram com vitórias caseiras por 2-0. O momento da decisão surge já no prolongamento da 2ª mão e, num lance bastante polémico, é Rolando quem dá a cabeçada para a Final. Os austríacos mereciam a presença na tão desejada mas a magia do desporto é assim mesmo e a sorte acabou por sorrir a quem menos a procurou.


Finalmente, Lyon! O que esperar?


"Ataques ganham jogos, defesas ganham títulos". A nossa opinião pode muito bem ser resumida nesta citação. Se há pouco elogiávamos a capacidade defensiva do Atlético de Madrid, o mesmo não pode ser dito sobre o Marselha. São uma equipa "à antiga", destemidos e libertos na hora de atacar, com pressa em chegar à baliza contrária, mas muito premiáveis na hora de travar as iniciativas do adversário. O comprimento do bloco é demasiado largo e pouco organizado, o que os torna bastante atraídos pelo movimento da bola.

Os franceses irão sentir tremendas dificuldades em impor a sua criatividade no último terço face à excelente organização tática do oponente e o Atlético irá explorar essa mesma incapacidade durante toda a partida. O controlo do meio campo acabará por surgir com o passar dos minutos e, com isso, as probabilidades de sucesso irão também elas disparar na mente dos homens de Simeone. A juntar a isso, as ausências de Rolando e Rami vão certamente fazer-se notar no eixo central, onde jogadores chave como Griezmann e Diego Costa poderão sentir o seu papel mais facilitado.

Seria de estranhar algo que não - nova conquista para o Atlético de Madrid - que deverá cimentar o seu poderio e experiência com uma vitória bem delineada, a nosso ver, por 2 golos de diferença. Ainda assim, o que não nos faltam são exemplos de grandes surpresas, nomeadamente no que toca a finais, e nesse seguimento contamos também com a vossa opinião sobre este desafio. 

A'Final, são ou não são favas contadas?

Sem comentários:

Enviar um comentário